terça-feira, 30 de agosto de 2011

Sobrevivente fala de tragédia que matou três na Gaivota


O adolescente Railan da Silva Berto, 14 anos, quer apagar da memória à tarde de 19 de agosto. Naquele dia, uma carona que pegou na comunidade Lagoa de Fora para visitar a mãe em Balneário Gaivota, quase lhe custou à vida. Ele é um dos sobreviventes do trágico acidente ocorrido na SC 485, rodovia que liga Sombrio a Balneário Gaivota, que resultou na morte de três pessoas. A colisão envolveu uma caminhonete e um Gol com placas IGO 1904, de Sombrio.

Paulo César de Melo, de 17 anos, que estava no Gol, veio a óbito no local. Um dia depois, Isolete
Mello Ilha, 48 anos, não resistiu aos graves ferimentos. Antes dela, Estella Goldinho, 14, que também estava no Gol, já havia sido diagnosticada como morta. A novidade do caso é que Isolete Mello, mãe de Paulo César, estaria grávida de dois meses. Sobreviveram a tragédia, o motorista do Gol, Tiago Debastiani da Silva, de 27 anos, e Railan, que ainda está hospitalizado, teve fraturas graves nas duas pernas e no braço direito, além de ter tido cortes profundos na cabeça.

Na tarde de ontem, Railan e a mãe, Lucimer da Silva Miguel, receberam a reportagem do Correio do Sul, no quarto do Hospital Regional. O adolescente contou detalhes daquele que define como o pior dia de sua vida. “Estávamos todos distraídos no carro, que ia em alta velocidade. Eu ainda pedi pro Tiago diminuir, mas ele não quis e quando vi já estávamos batendo. Só deu tempo de proteger meu rosto, e não vi mais nada. Acordei sentindo muita dor nas pernas e no braço e com os outros corpos em cima de mim. Tava tudo embaralhado, então não vi quase nada, apenas que tinha muito sangue, então apaguei de novo e só acordei no hospital,” conta o menino que foi o último a ser retirado do carro e o primeiro à ser encaminhado ao hospital.

A mãe, diz que agradece à Deus por ter salvado seu filho. “Ele nasceu de novo. Graças a Deus está aqui, sentindo ainda muita dor, mas vivo. Tenho certeza que vamos sair dessa”. Ainda revoltada, ela critica a conduta do motorista. “Ele deveria ter tomado mais cuidado, afinal de contas, levava muitas vidas dentro daquele carro. Foi imprudente,” afirma.


Carona, nunca mais!

Railan, que sempre foi hiperativo e gosta de futebol, torce agora para voltar a andar. Ele chora ao lembrar dos outros que não tiveram a mesma sorte e acabaram morrendo no acidente. Pegar carona é agora uma possibilidade que nem passa pela sua cabeça. Ele diz sentir muitas dores e relata que nunca mais conseguiu dormir uma noite de  sono. “Sinto muita dor. Tem vezes que tento distrair o pensamento para não lembrar da dor, mas é impossível. Ao menos ainda estou vivo. Até cheguei a pensar que tinha morrido, mas escapei dessa e agradeço por cada minuto que estou aqui. Só quem nasce de novo para saber qual é a sensação,” afirma o garoto.

Fonte e Fotos: Jornal Correio do Sul

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